Aluno com baixa visão: caso Guilherme
Grupo Sebastião Leal
Estudo do caso Guilherme
Segundo o Instituto Benjamin Constant a deficiência visual é a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. O nível de acuidade visual pode variar o que determina dois grupos de deficiência:
Cegos: são aquelas pessoas que apresentam “desde ausência total de visão até a perda da projeção de luz”. Seu processo de aprendizagem será através dos sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar) utilizando o sistema BRAILE como principal meio de comunicação escrita.
• Baixa visão: são aquelas pessoas que apresentam “desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução de acuidade interfere ou limita seu desempenho visual”. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais ainda que com a utilização de recursos específicos como lupa, tele lupa, escrita ampliada, entre outros.
Segundo a OMS (Bangkok, 1992), o indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após tratamento e/ ou correção óptica convencional, e uma acuidade visual menor que 6/ 18 à percepção de luz, ou um campo visual menor que 10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ ou execução de uma tarefa.
A baixa visão pode ser causada por enfermidades, traumatismo ou disfunção visual, em ambos os olhos, que não pode ser sanado, por exemplo, com o uso de óculos convencionais, lentes de contatos ou cirurgias oftalmológicas. Algumas das enfermidades que causam baixa visão são a retinopatia da prematuridade, a retinocoroidite muscular por toxoplasmose, o albinismo, a catarata congênita, a retinose pigmentar, a atrofia óptica e o glaucoma. No caso, Guilherme tem baixa visão causada por catarata congênita. A catarata congênita ocorre por alterações na formação do cristalino e é a principal causa de cegueira na infância. Qualquer opacificação do cristalino presente no nascimento é uma catarata congênita. Dependendo do grau de opacificação, pode haver interferência na passagem de luz, por distorção ou redução na quantidade de raios luminosos que atingem a retina de bebês.
Pessoas com baixa visão têm muita sensibilidade à luz e podem ter alterações de campo visual. Cada pessoa com baixa visão tem suas próprias características, sendo difícil definir um padrão de tamanho de fonte que as pessoas consigam ler, reconhecer as cores e contrastes mais adequadas, a distância que identificam pessoas e objetos, a iluminação ideal, entre outras características importantes no seu dia a dia. Em relação ao Guilherme, ele discrimina cores contrastantes, identifica objetos e não consegue identificar as pessoas a certa distância, não consegue discriminar letras com traços finos. Sua leitura é mais fluente quando se utiliza a fonte verdana, tamanho 36 em negrito. Nota-se que o Guilherme às vezes se recusa a realizar suas tarefas fica inquieto e procura sempre um motivo para sair da sala de aula. Esse comportamento acontece devido à baixa visão, causada por alterações de funções visuais, que dificultam a recepção e o reconhecimento de estímulos, interferindo ou limitando a execução de tarefas rotineiras e o desempenho escolar. A condição visual deste aluno nem sempre é compreendida pelos profissionais das escolas que tendem a considerar as atitudes e o comportamento dele como falta de interesse, preguiça, distração ou dificuldade de aprendizagem. Isso, porque é difícil para os educadores e mesmo para a família compreender a oscilação visual que consiste na possibilidade de enxergar com mais nitidez, ou menos, de acordo com as circunstâncias exteriores ou o estado emocional do aluno.
Analisando o caso de Guilherme, percebe-se que foi realizada a avaliação funcional da visão através acuidade visual, que é a capacidade visual de cada olho (monocular) ou de ambos os olhos (binocular), expressa em termos quantitativos. A medida quantitativa é feita pelo oftalmologista, com o uso de tabela de acuidade visual mais baixa. Existem tabelas para a avaliação de acuidade visual para longe e para perto, conforme a idade, as possibilidades e necessidades pessoais, para prescrição da melhor correção possível.
Devido aos problemas apresentados por esse aluno, a escola encaminhou-o para uma consulta oftalmológica, através do Programa de Saúde na Escola-PSE, que é uma política intersetorial do Ministério da Saúde e da Educação, instituído em 2007. Diante dos resultados apresentados, a escola solicitou a aquisição de uns óculos, como também de um plano inclinado.
Portanto, o trabalho com alunos com baixa visão baseia-se no princípio de estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos emocionais. Estes alunos devem aprender a perceber visualmente as coisas, as pessoas e os estímulos do ambiente. Para isso, os educadores devem despertar o interesse dos alunos e estimular o comportamento exploratório por meio de atividades orientadas e adequadamente organizadas a partir de critérios que contemplem as necessidades individuais e específicas destes alunos.
Fonte: coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. v.3.pag 08 e 10,
Inclusão: Revista da Educação Especial/ Secretaria de Educação Especial. V. 5 n.1 (jan/jul)- Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2010.